Consultoria de imagem. Cuidar do visual em tempos de crise
Por Luísa Ribeiro Soares, publicado em 21 Ago 2012 - 12:55 | Actualizado há 1 hora 21 minutos
Quando há que “apertar o cinto”, importa o aspecto que este tem? Duas especialistas garantem que faz “mais sentido que nunca” tratar do look nos tempos que correm
Diz-se que só temos uma oportunidade para causar uma primeira boa impressão. Ora, causá-la é fundamental para quem quer fazer um negócio ou está à procura de emprego.
Não será por acaso que há cada vez mais programas de mudanças de visual, ou “makeovers”, nas televisões, encabeçados por equipas de especialistas em imagem mais ou menos competentes, cujos cargos sabemos agora nomear – stylist (consultor de imagem), hair stylist (cabeleireiro), make-up artist (maquilhador), entre outros.
Nesses programas, anónimos com ar de vencidos da vida vêem os seus guarda- -roupas escalavrados e as suas vidas viradas de pernas para o ar em 24h, à medida que lhes esvaziam o armário, os levam às compras e lhes cortam o cabelo até ao zénite do episódio: o revelar do novo visual à família, amigos e telespectadores.
A vida não imita a arte neste caso, garantem Ana Catarina Rocha e Helena Ramos – as duas mentes por detrás da HR Image Consulting, uma empresa que, através da consultoria de imagem, tem a capacidade de “mudar por completo” e “a longo prazo” a maneira como uma pessoa se vê e como os outros a vêem.
Convém antes de mais saber o que é a consultoria de imagem. É só escolher roupa? Não, garante Helena Ribeiro. “O ir comprar roupa é uma das partes do que fazemos com o cliente, mas não é sequer a mais importante.”
“O que fazemos”, explica, “é dar ao cliente conselhos básicos e práticos, que ele possa utilizar todos os dias, para criar uma identidade própria e não despersonalizar a pessoa.” Trata-se, portanto, de “criar uma identidade visual adequada ao perfil psicológico do cliente, ao seu estilo de vida: aos dias de trabalho, aos fins--de-semana, a uma festa”, exemplifica Ana Catarina Rocha.
Passo a passo, explicam-nos por onde se inicia a consultoria: “Começamos por um questionário que passa por perguntas sobre o dia-a-dia do cliente, sobre o seu gosto pessoal quanto a roupa e acessórios, temperamento, estilo de vida: se tem ou não filhos, que tipo de emprego tem, o que faz os tempos livres”, explica Ana Catarina Rocha.
Depois do questionário há o teste de cores – que é o definir quais as cores que iluminam mais o rosto, que mudam os traços – “as cores certas atenuam rugas de expressão, disfarçam as olheiras... fazem um lift ao rosto de uma pessoa”. Segue-se para a automaquilhagem, onde são dadas instruções sobre os melhores cosméticos a usar para evidenciar ou dissimular determinadas características faciais, bem como os looks de maquilhagem que se adaptam melhor a cada situação.
Já na fase do closet restyling, “vamos a casa do cliente e não jogamos tudo para o lixo, pelo contrário: tentamos aproveitar quase tudo – desde as saias que podem ser actualizadas simplesmente com novas bainhas às camisas que continuam actuais, mas cuja dona emagreceu 10 kg, e que se manda apertar; há uma série de coisas que tentamos salvar do armário do cliente. E depois vemos o que está em falta – se a cliente tem já duas saias pretas, por exemplo, não precisa de mais, e aí sim, vamos às compras”.
Ainda antes da ida às compras, as duas delineiam o plano a seguir, de maneira a ir ao encontro “das necessidades do cliente e às questões financeiras”. As consultoras fazem uma pré-selecção de tudo o que há nas lojas, onde vão primeiro reservar as peças para não se perder tempo no dia do shopping. “São horas que as pessoas nos estão a pagar”, dizem, sublinhando que não querem depois que os clientes levem quatro horas para comprar quatro conjuntos de peças. Explicado o processo, perguntamo-nos: e faz sentido eu preocupar-me com estas coisas num clima de austeridade económica?
“Sim, faz todo o sentido”, afirma Helena Ribeiro. “Nós defendemos que o “estar na moda” é o estar bem no total, ou seja, estar bem por dentro. A pessoa não tem necessariamente de gastar rios de dinheiro para estar na moda, para estar harmoniosamente vestida e com a sua auto-estima em cima. Ou seja: o importante de uma boa imagem é aquilo que nós transmitimos aos outros e aquilo que se reflecte em nós: somos pessoas mais seguras, mais bem-dispostas, mais felizes, mais capazes de lutar numa situação de adversidade.” “O importante é investir na auto--estima das pessoas para que elas invistam nelas próprias”, completa Ana Catarina Rocha.
E o que é que a consultoria de imagem pode fazer por nós, por exemplo, numa entrevista de emprego? “Uma das perguntas que fazemos é: qual a imagem que a pessoa quer passar? Numa entrevista de emprego, quer transmitir a imagem de uma pessoa competente, confiante? Há uma maneira de se vestir para isso.” Se a pessoa não está muito à vontade, explica, deve vestir-se de outra maneira, tentando passar uma imagem mais exuberante. Se está muito confiante, deve ir mais discreta e deixar que a sua competência brilhe.
Este tipo de investimento pode dar ao cliente frutos noutras áreas da sua vida, “não só na entrevista de emprego, mas ao nível da auto-estima. A pessoa tem de fazer por se sentir bem até quando está de pijama: se está desempregada, se teve uma discussão qualquer, se está em baixo, e ainda por cima está vestida de t-shirt larga e calças de fato-de-treino, a comer gelado, como nos filmes americanos, isso não vai ser bom. Se gosta realmente da t-shirt larga, então que escolha uma em que se sinta bem, confortável, mas não desleixada”, diz Ana Catarina Rocha.
“O importante aqui é a pessoa cuidar--se, mimar-se e fazer por elevar a sua auto-estima. Com a auto-estima em alta, reflectimos para a sociedade o melhor que temos, seja no trabalho ou nas relações amorosas. Numa altura de crise, faz todo o sentido investir na imagem pessoal”, diz Helena Ribeiro. “Não é por acaso que estudámos coaching, psicologia, marketing pessoal – todas estas coisas fazem parte da consultoria de imagem.”
“As pessoas não são cabides onde pomos a roupinha toda bonita. Nós estamos a trabalhar com as emoções das pessoas”, continua Helena Ribeiro. “Temos pessoas que chegam até nós fisicamente curvadas e saem com uma postura completamente diferente. Todas elas irradiam luz, sorriem, todas elas estão muito mais felizes. E não é disso que precisamos na nossa sociedade, de felicidade?”
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